Sem sentido, afinal.

Na noite passada, depois de tanto tempo, você veio me visitar nos meus sonhos novamente. Não foi nada como nos sonhos antigos... Nenhum beijo apaixonado, nenhum abraço, nenhuma troca de carinhos no geral e nenhum desencontro... aliás, eu nem estava procurando por você. Só havia súplica e arrependimento em seus olhos.
Mas então eu estava andando sozinha e tranquila por aquelas ruas que um dia andamos juntos de mãos dadas, quando me deparei com dois de você. O primeiro, exatamente igual ao garoto pelo qual me apaixonei: o mesmo ar misterioso, o mesmo sorriso malicioso. Eu sabia que esse tinha uma garota em mãos, como de costume. Não dei a mínima, continuei andando. Foi quando encontrei um cara estranho, devia ter quase 30 anos... não tinha nada de muito interessante, tirando o fato de que ele era estranhamente encantador. Nossos olhares se cruzaram e ficamos nos olhando por um tempo. Olhos nos olhos, e foi assim que ele me disse quem ele era. Eu jamais teria reconhecido... nunca havia pensado que a chama de um olhar poderia apagar com o passar do tempo. De repente estavamos nós três juntos ali... garoto constrangido, homem arrependido e eu sem entender nada. O mais velho pedia perdão, o mais novo tentava me explicar o que havia acontecido. Por que eu tinha que voltar? Por que eu deveria novamente acreditar? Por que o seu futuro estava me implorando por algo que eu fiquei doente de implorar, logo agora que nada mais importa? Quando o amor realmente deixa de ter importância? Nunca. Eu cansei de acreditar sozinha que as coisas poderiam mudar.
Eu olhei para frente, aquele era o lugar. Nossos nomes não estavam mais no chão, o tempo fez questão de apagar tudo. Senti um mal estar horrível, meus olhos queimavam, ficava cada vez mais difícil respirar. Então, dessa vez, eu corri para longe em vez de correr direto para os seus braços. Segui sem olhar para trás, continuei sem nenhuma explicação coerente.
Acordei. Lembrei que você havia me pedido para acordar e continuo seguindo em frente.
E foi assim que percebi: não acredito mais em mudanças, hoje dou valor ao esquecimento.